Portanto, para afastar o risco real de contaminação é preciso avaliar as Condições Geológicas do local em que serão depositados os corpos, verificando o tipo de solo (não argiloso, não úmido, não quente), bem como as Condições Hidrogeológicas, que acontece verificando a profundidade do aquífero. O sepultamento em locais altos é desaconselhável, ainda que distantes do centro populacional. Os corpos sepultados precisam estar abaixo do nível da água.
Tapanã - Belém do Pará - A UFPA-BR comprovou excesso de umidade do solo e saponificação dos corpos, retardando a decomposição |
Cemitérios são
fontes potenciais de contaminação.
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No Cemitério de Vila Rezende, em Piracicaba
(SP), Robson Willians da Costa Silva e Walter Malagutti Filho - do
Departamento de Geologia Aplicada, da Universidade Estadual
Paulista (Rio Claro, SP), constataram plumas de contaminação, uma delas
estendendo-se para fora dos limites do cemitério ( http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2009/263/cemiterios-fontes-potenciais-de-contaminacao ).
Em um cemitério de Santos (SP), a
água subterrânea próxima a sepultamentos recentes apresentava alta
condutividade
elétrica e íons de cloreto e nitrato, além de bactérias e
vírus.
Todavia,
as prefeituras, em geral, optam por terrenos de baixo custo financeiro, sem
verificar os detalhes que podem ser cruciais na vida populacional nos próximos
anos.
E outro agravante é que até mesmo autarquias ligadas ao aspecto ambiental fazem um jogo de empurra-empurra, quem fica responsável por o que, ora com as prefeituras, ora com órgãos estaduais e federais, deixando de fiscalizar e de autuar.
Como foi no caso dos equipamentos de prevenção de chuvas e enchentes na região Serrana do Rio. Nenhum dos órgãos (federal, estadual e municipal) quis se responsabilizar pelo uso, conservação e manutenção do equipamento; deu no que deu. Hoje, estarão, pelo menos, cuidando para que o necrochorume dos corpos enterrados e todos os demais que permanecem soterrados, não polua as águas que a população bebe?
Saponificação - Aparece sob forma de plumas de contaminação. |
Plumas de contaminação
Por vezes, agricultores encontram em um riacho “que sempre foi limpo” uma espuma estranha, inexplicável, já que nem indústrias há pelas redondezas... Pode ser necrochorume.
Em função da viscosidade e densidade do necrochorume em relação à água, existe a possibilidade de se formar plumas de contaminação, que vão do branco ao azulado, que se disseminam pelo solo saturado, em velocidade variável, atingindo distâncias significativas a partir da origem, infectando localidades que, nem imaginam, podem estar sendo contaminadas.
Os diferentes tons correspondem a diferentes concentrações do contaminante específico, além da quantidade de água que se infiltra (lençóis freáticos ou água da chuva).
Dependendo das condições geológicas do meio, a composição do necrochorume pode propiciar a sobrevivência e a proliferação de microrganismos oriundos da decomposição, e a consequente periculosidade do líquido, que pode conter bactérias, vírus e substâncias químicas orgânicas e inorgânicas, favorecida pela falta de oxigênio na água subterrânea, já que o oxigênio diminui à medida que a profundidade aumenta.
Resumo do processo de
contaminação das águas:
1º Decomposição do
corpo humano morto (cadáver)
A decomposição do cadáver
libera necrochorume, que pode contaminar o solo
2º
Infiltração
Se a cova for perto de
lençol freático raso, a contaminação ocorre mais
rapidamente
3º
Perigo
Vizinhos correm risco de
contrair doenças ao entrar em contato com água
contaminada
4º Alcance
Se bactérias forem
levadas pela água da chuva, o risco de contaminação aumenta.
A preocupação, como
vimos, é procedente. Precisam ser envidados esforços urgentes para atacar mais
esta frente. A tragédia que assolou a Região Serrana do Rio é a maior de que se
tem notícia. Em solidariedade a esses cidadãos e em nome de todas as vidas
perdidas, também em outros estados e países, conclamamos para que todos levantem
esta bandeira.
Temos que trabalhar na
prevenção, para que novos problemas não deixem a população ainda mais
desprotegidas. Saúde deve interessar a todos, inclusive à indústria
farmacêutica, que terá de enveredar por um outro
viés.
Enquanto se tiver 10
farmácias para cada 3 padarias, a coisa continua mal.
Em 2010, de janeiro a
abril, o estado do Rio de Janeiro teve 283 mortes, sendo 53 em Angra dos Reis e
Ilha Grande, na virada do ano, 166 em Niterói, onde se localizava o Morro do
Bumba, e 64 no Rio e outras cidades atingidas por temporais em
abril.
Em 2011,
contabilizam-se, até o momento, mais de mil mortos (corpos encontrados) e
estimam-se, pelo menos, 500 desaparecidos.
UM POUCO MAIS SOBRE CONTAMINAÇÃO DE
SOLO - Por Alberto Pacheco
O sepultamento ou enterramento dos corpos humanos parece
remontar a 100 mil anos antes da nossa era. A partir dos 10 mil anos a.C., as
sepulturas são agrupadas e, assim, aparecem os primeiros cemitérios com túmulos
individuais e sepulturas coletivas.
A palavra cemitério, do grego koimetérion,
“dormitório”, pelo latim coemeteriu, significa recinto onde se enterram e
guardam os mortos.
Com o advento do cristianismo o termo tomou o sentido de
“campo de descanso após a morte”.
Os cemitérios também são conhecidos pelos seguintes
termos ou expressões: necrópole, carneiro, sepulcrário, campo santo, cidade dos
pés juntos, última morada e outros.
Só se pode falar realmente em cemitérios a partir da
Idade Média européia, quando se enterravam os mortos nas igrejas paroquiais,
abadias, mosteiros, conventos, colégios, seminários e hospitais.
Foi somente a partir do século XVIII, que a palavra
começou a ter o sentido atual, quando por razões higiênicas, os sepultamentos
voltaram de novo a ser feitos ao ar livre, em cemitérios campais localizados o
mais longe possível das áreas urbanas
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