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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

CONTAMINAÇÃO POR NECROCHORUME


Vários são os problemas que ocorrem quando um cemitério
encontra-se mal localizado, aos quais passamos a comentar.
Cessada a vida, anulam-se as trocas nutritivas das células e
o meio acidifica-se, iniciando-se o fenômeno transformativo de
autólise. Enterrado o corpo (inumação ou entumulamento), instalamse os processos putrefativos de ordem físico-química, em que atuam
vários microorganismos.
A putrefação dos cadáveres é  influenciada por fatores
intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos são pertencem ao próprio
corpo, tais como: idade, constituição física e causa-mortis. Os
extrínsecos são pertinentes ao ambiente onde o corpo foi depositado,
tais como: temperatura, umidade, aeração, constituição mineralógica
do solo, permeabilidade, etc...
O corpo humano, em sua constituição apresenta cerca de
65% de água, com relação ao peso. Os indivíduos magros apresentam 3
um conteúdo de até 75% de água, enquanto que os indivíduos gordos
apresentam até 55% de água. Dessa maneira um indivíduo adulto que
tenha 70 kg tem um conteúdo da ordem de 46 Kg em água, ou seja
0,60 L/kg.
Com a decomposição dos corpos há a geração dos
chamados efluentes cadavéricos, gasosos e líquidos. Os primeiros que
surgem são os gasosos, seguindo-se os líquidos.
Os efluentes líquidos, chamados de necrochorume, que são
líquidos mais viscosos que a água, de cor acinzentada a acastanhada,
com cheiro acre e fétido, constituído por 60% de água, 30% de sais
minerais e 10% de substâncias orgânicas degradáveis, dentre as quais,
duas diaminas muito tóxicas que é constituída pela putrescina (1,4
Butanodiamina) e a Cadaverina (1,5 Pentanodiamina), dois venenos
potentes para os quais não se dispõem de antídotos eficientes.
A toxicidade química do necrochorume diluído na água
freática relaciona-se aos teores anômalos de compostos das cadeias do
fósforo e do nitrogênio, metais pesados e aminas.
O necrochorume no meio natural decompõe-se e é reduzido
a substâncias mais simples e inofensivas, ao longo  de determinado
tempo. Em determinadas condições geológicas, o necrochorume
atinge o lençol freático praticamente íntegro, com suas cargas
químicas e microbiológicas, desencadeando a sua contaminação e
poluição. Os vetores assim introduzidos no âmbito do lençol freático,
graças ao seu escoamento, podem ser disseminadas nos entornos
imediato e mediato dos Cemitérios, podendo atingir grandes
distâncias, caso as condições hidrogeológicas assim o permitam.
Existem estudos que na cidade de São Paulo houve casos de
ocorrência de vetores transmissores da poliomielite e hepatite
(patógenos), em profundidades  da ordem de 40 a 60 metros,
respectivamente, em poços tubulares perfurados em rochas
sedimentares cenozóicas da Formação São Paulo .
SILVA (2000) em sua pesquisa realizada em 600 cemitérios
no Brasil e alguns no exterior observou que 75% dos casos de
problemas de contaminação e de poluição verificados, eram
originados por cemitérios municipais e 25% por Cemitérios
particulares com problemas locacionais, construtivos ou operacionais
(alguns deles ditos “clandestinos”).
Desde o século passado, tem-se ligado a incidência de
endemias à contaminação do subsolo, gerada por cemitérios. É do
consenso geral o potencial contaminador dos efluentes da
decomposição cadavérica, em especial no que diz respeito ao lençol 4
freático e à sua explotação para o consumo humano, nas
circunvinhanças dos cemitérios.
Nesse enfoque nota-se grande deficiência a nível mundial,
na publicação de dados e trabalhos específicos, com a abrangência e
detalhamento requeridos.
Em 1879, a Sociedade dos Higienistas franceses publicou
um artigo correlacionando a febre tifóide que varreu Paris no mesmo
ano, com a contaminação microbiológica da água subterrânea
utilizada para consumo humano, pelos efluentes líquidos cadavéricos.
No Estado de São Paulo, a USP, investigou a influência dos
Cemitérios na contaminação dos aqüíferos livres no Cemitério Vila
Formosa (segundo maior do mundo) e  Vila Nova Cachoeirinha, na
cidade de São Paulo e o Cemitério de Areia Branca, na cidade
litorânea de Santos. A conclusão foi que há um comprometimento
sério relativo a contaminação do subsolo, nas cercanias daquelas
necrópoles.
SILVA (1999b), observou a presença de radioatividade
num raio de duzentos metros das sepulturas de cadáveres que em vida
foram submetidos a radioterapia ou que receberam marca-passos
cardiológicos, alimentados com fontes radioativas. Materiais
radioativos são móveis na presença de água, por isto pessoas que
fazem este tipo de tratamento, segundo o autor deveriam ser cremadas
e suas cinzas dispostas como lixo atômico, porém a cremação tem
restrições ainda em nossa cultura, devido a crenças religiosas, razões
sociais e culturais.
MATOS (2001), observou na avaliação da ocorrência e do
transporte de microorganismos no  aqüífero freático do Cemitério de
Vila Nova Cachoeirinha, no município de São Paulo que a pesquisa de
indicadores microbiológicos demonstrou a presença, de bactérias
heterotróficas, proteolíticas e clostrídios sulfito-redutores nas águas
subterrâneas do Cemitério e encontrou enterovírus e adenovírus.
2.POLUIÇÃO PELAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS QUE
COMPÕEM OS CAIXÕES DEVIDO A METODOLOGIA DE
CONSERVAÇÃO DE CADÁVERES.
Existem muitos tipos de substâncias químicas que são
utilizadas normalmente e historicamente na embalsamação,
tanatopraxia e na construção de caixões funerários, entre elas estão a
laca, substâncias de tingimento, colas, ferro e zinco, em alguns destes 5
produtos possuem em sua composição metais pesados.
SILVA (1998) destacou que  o formol utilizado na
embalsamação, quase sempre é superdosado, pois as funerárias têm
procedimentos próprios (ainda não normatizados). Chegando a usar
soluções de formaldeído com concentrações superiores a 30%. Nestas
substâncias estão incluídos: formaldeído, metanol, arsênico, solventes
e vários metais pesados. Formaldeído e metanol correspondem à
maior porcentagem de substâncias químicas usadas em
embalsamações durante os últimos 90 anos e arsênico foi comumente
usado no início do século.
Atualmente vem sendo usada a técnica de tanatopraxia, que
é a técnica de preparar, maquiar e, restaurar partes do falecido, não é a
mesma técnica de embalsamação, pois serve apenas para melhorar o
aspecto do cadáver durante o velório, prolongando por algumas horas
este aspecto. A composição química dos produtos utilizados ainda é
desconhecida, utilizam ainda, cosméticos, corantes, enrijecedores,etc...

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